quinta-feira, 12 de março de 2015

# e assim caminha a humanidade (xxiii)



Enquanto isso, num dos bons e sérios blogs que existem por aí, expõe-se uma reportagem do "O Globo" de hoje, sobre uma empresa que presta serviços de consultoria para o "uso" de empregadas domésticas, criando um curso para melhor domesticar as serviçais dos brancos lares (v. aqui).

Sim, é mais uma espécie deste negócio horrendo que hoje existe chamado "coaching", no caso pret-à-porter aos desejos felinos da "patroas".

Na reportagem, mais uma -- a enésima... -- amostra de ser vivo que bem tipifica o perfil daqueles que "são contra tudo isso que está aí" (v. aqui e aqui), e que, neste domingo, certamente estará nas ruas com a sua cara-de-pau e a irretocável fantasia de "brasileira":
 
-- Por que você criou este curso?
Porque eu passei um ano e meio trabalhando em casa e quase enlouqueci com as empregadas.

-- Como assim?
Senti que elas perderam a noção do limite. Teve uma que eu pedi para chegar às 7h30 e botar a mesa do café. Ela disse para mim:  ‘Eu não! Imagina se vou botar mesa de café para madame!’. Essa falta de limite foi muito lembrada também na pesquisa que fiz.
 
-- O Brasil é um do únicos países do mundo em que ainda é comum ter uma empregada doméstica sempre por perto para te servir, que dorme num quartinho dos fundos…
Sim, tenho uma amiga que mora fora e fica chocada com isso. Mas é muito cultural, né? As condições no Brasil não favorecem a vida sem as empregadas, no exterior você vê mil eletrodomésticos que facilitam a vida, comidas pré-prontas. Aqui não tem muito isso. 
 
-- Quais as falhas mais comuns citadas na pesquisa?
Alguns exemplos: empregada que pendura o pano de prato no ombro; a que fala muito ao celular e depois diz que não deu tempo de passar toda a roupa; a que se recusa a usar touca e uniforme; e as que ficam falando das tragédias do bairro onde moram. Muitas têm vergonha de usar uniforme de doméstica na rua. Eu não entendo isso. É um símbolo de status. As empregadas de novela usam. A roupa mostra que ela tem um emprego bacana, que a patroa se preocupa com o seu visual.
 
 E, como aqui, esta gente ainda quer se levar a sério...