terça-feira, 21 de outubro de 2014

# sem estereótipos

 
Ele é um playboy preguiçoso e bronzeado; ela, guerrilheira e grosseira.

Ele cheira e sua muito; ela não usa perfume e sua muito.

Ele bebe e usa celular ao volante; ela não sabe dirigir e não sabe conversar.

Ele não fez bafômetro; ela tem bafo.

Ele é machista e mulherengo; ela é feminista demais.

Ele é demagogo; ela, mal-humorada.

Ele se preocupa demais com o espelho; ela não usa espelho.

Ele com 25 anos pega um avião e vira diretor da Caixa no governo Sarney; ela com 23 anos pega em armas e coordena grupos rebeldes contra a ditadura.

Ele é um instrumento a serviço dos interesses privados; ela, um poste que interessa ao Lula.

Ele não gosta de grande parte do Brasil; ela gosta de muitos aliados que não gostam do Brasil.

Ele é seguido por Bolsonaro, Feliciano, Beto Richa, múmias paralíticas e celebridades de quinta; ela não vai à missa, não sabe falar e não segue ninguém nas redes sociais.

Ele desviou dinheiro da Saúde e considerou vacina para cavalo como gasto em saúde pública, quando Governador; ela aceitou privatizar portos e aeroportos e permitiu empréstimos a grandes oligopólios privados, quando Presidenta.

Ele empregou nove parentes no seu governo em Minas; ela ajudou a dar emprego para o irmão na Prefeitura de Belo Horizonte.

Ele promoveu a construção de dois aeroportos em áreas da família com dinheiro público; ela autorizou cargos em comissão para um bando de pulhas.

Bem, pouca coisa acima importa para escolher quem comandará o Brasil nos próximos quatro anos.

Afinal, não se pode falar de pessoas -- como se fosse a escolha de um amigo ou uma companheira -- e pouco se deve falar do comportamento delas, pois atire a primeira pedra quem nunca errou.

Na verdade, a questão está em outro nível de reflexão, muitíssimo maior e mais sério.

De um lado, o embolorado PSDB e o seu xoque de jestão, com a sacralização do "laissez-faire, laissez-passer", o desprezo às políticas sociais e a impávida rendição ao interesses privados em detrimento do interesse público, o que, dentre outras coisas, criou as agências reguladoras, causou o apagão elétrico no Brasil, causa o apagão de água na maior cidade da América Latina e autorizava o funcionamento de um país com os maiores juros do planeta.

E, do outro, o PT e a sua "opção preferencial pelos pobres", as políticas de inclusão social e a reconstrução moral de um país com a maior desigualdade do planeta, equilibrando capital e trabalho, estimulando as causas privadas e assegurando o interesse público e promovendo o desenvolvimento e a soberania nacionais.

Enfim, em jogo estão planos, programas e projetos de país absolutamente díspares e com setas opostas que apontam para o retrocesso e para o progresso do Brasil.

E é sobre isso, exclusivamente, que deve pesar a nossa escolha.

Mesmo sabendo que somos humanos, demasiadamente humanos.