sexta-feira, 3 de outubro de 2014

# primeiro ou segundo turno


E a nossa Gandhi de saia já era.
 
Sim, passou a onda e o blá-blá-blá dos últimos trinta dias -- sem sentido, turvo e desconexo da realidade -- promovido pela "Madre Teresa da Amazônia" virou um nada, recolhendo-se ao imenso oceano da medíocre insignificância política.
 
Hoje, Marina tem tantas chances de ir ao 2º turno quanto o energúmeno Levy Fidelix -- até nome de personagem de gibi o sujeito tem... --, ou seja, nenhuma.
 
E, surpreendentemente, quem ressuscita dos mortos é a candidatura tucana e a sua plataforma de xoque de jestão para "arrendar o Brasil", algo que se imaginava engavetado e trancado para sempre no passado triste da nossa história, o que mostra a aptidão de parte da população ao sadomasoquismo.
 
Porém, ainda que o zumbi Aécio e o projeto neoliberal flertem com o renascimento, o fim de Marina torna muito grande a chance de uma vitória de Dilma no 1º turno.
 
E isso é ótimo para o Estado brasileiro, pois já a partir de segunda-feira se poderia reiniciar um renovado governo com o novo mandato.
 
Novos ministros, novas equipes política e técnica, novas pautas, novas ações e o mesmo norte: "País rico é país sem miséria".

Mas, ainda que não seja no 1º turno, a eleição certamente se dará no 2º, haja vista a absoluta distância, em todos os sentidos, para as demais candidaturas. 

E aí a reempossada Presidenta precisará arregalar os olhos e fazer um tête-à-tête com o espelho, narcisisticamente às avessas.
 
Já se disse aqui (e aqui, e aqui, e aqui) sobre a necessidade premente de que, agora ou nunca, Dilma Rousseff precisa reforçar o seu nome na História, já não apenas como a brava militante que nos anos 60 enfrentou heroicamente os milicos e os seus canhões, mas como uma grande Chefe da nossa República.

Dilma precisa, a exemplo do que faz Fernando Haddad na prefeitura de São Paulo,  promover um governo cuja gestão não tenha outros fins senão a transformação do país, ainda que para isso o custo político, e de enfrentar os donos do poder, seja bastante elevado, quase num limite do temerário.

Precisa compreender todos os recados das ruas e dos votos protestantes para energizar e intensificar a democracia, trazer a população para o centro das decisões, abusando da participação direta com referendos, plebiscitos e audiências públicas concretas, de modo a vitalizar o povo brasileiro, como tão bem ensinam Boaventura Santos e Mangabeira Unger.

Precisa recompor o velejar e recriar instituições, comprometendo-se em aprofundar questões chaves do nosso Estado: revoluções agrária, na mobilidade e moradia urbanas, na regulação da mídia, nas agências reguladoras, nas políticas fiscal e industrial, nas políticas de acesso à renda e às oportunidades, na segurança pública, na saúde e, claro, na educação média e fundamental.

Precisa, definitivamente, parar de dançar com o diabo, em alianças cuja inevitabilidade já tem um preço com custos perigosamente irrecuperáveis.

Precisa fazer do PT, e das políticas e lutas históricas do partido, o núcleo capital da navegação, convocando os quadros técnica e politicamente comprometidos com o projeto do Governo e, pois, mitigando ao máximo a influência nefasta daquela gente fruto de coligações e apoios sem pé e muito menos cabeça.

Precisa dizer que a garantia é ela, que a vitória é deles e, ainda que muito doa, que a banda passará a tocar de outro jeito, demonstrando à população, claramente, de que lado o Congresso Nacional passará a estar -- e, para isso, a urgente necessidade de se adonar da própria voz (v. aqui).

Precisa perceber o fim de um ciclo e que a hora é de avançar para "mudar mais".

Precisa, enfim, reguiar o leme à esquerda.

Avante, Dilma!