segunda-feira, 9 de junho de 2014

# réguas


Aqui já dissemos: no Brasil a criminalidade e a desordem são pequenas. 

E me refiro aos crimes contra o patrimônio, coisas como furto, roubo e extorsão, e às greves e manifestações que discutam trabalho e salário.
 
Ora, o que se vê é fruto muito miúdo diante da nossa desigualdade, incomparável mundo afora, inimaginável em qualquer sociedade minimamente decente.
 
E recentemente mais um dado que me colabora: a única capital nordestina que não está entre as 20 cidades mais violentas do país é... Teresina, no Piauí.
 
Sim, a capital do Estado mais pobre do país não figura na lista de um trabalho promovido por uma ONG mexicana (v. aqui).
 
Não creio que seja pelo exímio aparato policial; tão-pouco que seja resultado da máxima eficácia da gestão pública piauense; e, menos ainda, que represente um povo melhor abastecido de educação, de saúde e das necessidades básicas.
 
A tese é que lá a "desigualdade" é menor, resultado de uma generalidade pobre, sem bolsões de riqueza, com (quase) todos num mesmo nível de escassez.
 
É o que acontece com as grandes nações ricas do Atlântico Norte, com (quase) todos num mesmo patamar de abundância e nas quais a desigualdade é mínima – e, tal qual, os índices de crimes e desordem.

Somos, pois, o avesso do avesso do avesso.
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Para além disso, se nota nas capitais arranjos para a paralisação geral de motoristas, cobradores e de toda a gente que trabalha nos ônibus, metrôs e trens das grandes cidades.
 
Primeiro, não se esqueça que uma coisa é a greve de servidores públicos – em regra, uma atrocidade e um não-fim em si mesma (v. aqui); outra, bem diferente, é a greve daqueles que trabalham em empresas que (mal) prestam serviços públicos.
 
Mal prestam os serviços, mal remuneram e mal dão satisfação do que fazem, em regra (des)reguladas pela falácia da regulação.
 
Ao cabo, querem os trabalhadores grevistas condições e salários mais dignos para o trabalho – no mínimo, e ao menos, proporcional às fortunas que os seus patrões (os senhores concessionários de serviços públicos) amealham com os contratos que detêm à nossa revelia.
 
E convenhamos: se este é o propósito, a massa está absolutamente certa.
 
Afinal, enquanto a picaretagem nas licitações e nos contratos que envolvem o transporte coletivo persistirem – v. aqui sobre a máfia dos ônibus , jamais a sociedade (e, também, os trabalhadores) poderão estar minimamente satisfeitos no atendimento das suas necessidades.
 
Já passa da hora de o Estado esclarecer à população como isso tudo funciona e escancarar as as engrenagens sujas de uma graxa vezeira em manchar o interesse público.
 
Porém, para isso acontecer, será necessário que nossos comandantes, chutando a porta e erguendo a mesa, se convençam de abrir mão dos milhões ofertados por tais "grupos empresariais" para financiar as campanhas eleitorais.

Resta-nos, pois, rezar pelos nossos mártires.