quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

# atleticania (vii)


"Vai, Lacraia! Vai, Lacraia!".

Era neste ritmo enebriante que o Atlético terminava os últimos dois meses dos dois torneios brasileiros de 2013: com um sistema defensivo bastante seguro, recuperava-se a bola, procurava-se Paulo Baier e este lançava Marcelo (ou, agarrando-se aos restos, Éderson).

Sim, com um esquema desgastado e manjado, e já certo de que aquela tática musical não poderia prosseguir, o técnico Mancini antevia que precisaria mudar para 2014.

E todos pensávamos assim: mesmos jogadores, alguns reforços de grupo, e a mesma estrutura, com a mesma base e os mesmos fundamentos, e pronto, teríamos um início tranquilo de ano, com a Libertadores pela frente.

Doce ilusão.

Após o desmanche do time e da comissão técnica e as esdrúxulas contratações, obras do empresário Petraglia (v. aqui), o que se viu ontem em Lima (Peru), na estreia do torneio continental, foi absolutamente óbvio (e terrível).

Num misto de jeito Drubscky de jogar com peladão da Tribuna, o amontoado ainda se servia de algumas peças de rara e flagrante inapetência.

É inadmissível que alguém seja capaz de, nesta toada avassaladora em que hoje se joga futebol, acreditar que uma estúpida linha defensiva possa lograr êxito. 

É difícil acreditar que alguém seja contratado para treinar o Atlético e não consiga, com honestidade, enxergar que Cléberson e João Paulo não podem jogar, que um tal de Paulinho não poderia compor o elenco, que Fran Mérida não está no Brasil por acaso, que Suéliton não é meia de criação e que Zezinho não é um camisa dez.

E mais, querer lançar aos leões sulamericanos as duas joias da coroa, Nathan e Mosquito, na prematuridade dos 17 anos, beira a alucinação.

E ainda, o mais lamentável: esperar que Marcelo e Éderson, num isolamento monástico, possam resolver alguma coisa.

Afinal, mesmo se ainda quiséssemos repetir o lema que nos guiava do final do ano passado, já não é mais possível.

Primeiro, pela ausência de um organizado sistema defensivo.

E depois, por faltar alguém minimamente apto para alimentar as nossas lacraias.