quinta-feira, 11 de julho de 2013

# fala que eu te escuto


Milhões e milhões tinham absoluta certeza que a ideia era pura teoria da conspiração.

Ora, você acha que o Tio Sam vai mesmo ficar bisbilhotando urbi et orbi, como se pensasse acima de tudo e de todos, se intrometendo na surdina e preparando o terreno (e as armas) para tomarem as decisões político-econômicas que bem entendam?perguntavam, com aquele sorriso ricardiano (v. aqui).

Sim, achava.

E não era mero instinto, dom premonitório ou neura ideológica – era, apenas, uma séria análise da história combinada com as facilidades e infinitudes que o mundo virtual permite.

Da história, os anos 60 e 70 são absolutamente didáticos para nos mostrar o quanto a América Latina era vigiada (e punida, parodiando Foucault) pelos donos do mundo, com ou sem a subserviência dos mandatários nativos.

Sim, de um lado o “Grande Irmão” mantinha firmes parcerias com as tchurmas verde-oliva nativas que, naquela triste rotina ditatorial de encerar as botas próprias e lamber aquelas estadunidenses, arregaçavam e arreganhavam as soberanias nacionais e a terceirizavam por quaisquer trinta moedas (ou por quaisquer ideologias de araque).

E, de outro, esmerava-se na contratação de serviços secretos, de espiões e de traidores que pudessem passar toda e qualquer informação com o fim de derrubar os governos democráticos e com viés socialista que havia ou que pretendesse haver nas bandas latino-americanas – foi, dentre outras ações, o caso da “Operação Condor”, a qual a cada dia se mostra mais clara e evidente (v. aqui e aqui).

E nenhum evento e momento histórico é mais avassalador do que aquele ocorrido no Chile dos anos 70, quando um coquetel de ódio, ganância e inveja, preparado pelas elites nativas e pelo governo estadunidense, explodiu o país e matou Salvador Allende, cujo drinque da morte lhe foi servido por Augusto Pinochet, seu antigo aliado e Ministro da Defesa.

O golpe no Chile foi daqueles episódios que merecem ser analisados, estudados e vividos diariamente, para jamais esquecer e jamais deixar se repetir: passeatas, greves, boicotes, mídia, especulação financeira, espionagem... enfim, um roteiro arrasador, típico da cinematografia blockbuster do seu coprodutor (EUA). Há, a propósito, um documentário que retrata com absoluta excelência o que foi “A Batalha do Chile”, do início, com o “poder popular”, passando pela “insurreição da burguesia”, até chegar ao “golpe militar” (v. aqui).

E para quem ainda não acredita no que os fantasmas ricos e conservadores dos EUA são capazes de fazer, as cenas dos próximos capítulos devem ser ainda mais esclarecedoras, quando então poderemos ver os segredos de projetos e estratégias do nosso pré-sal, p. ex., revelados.

É, assim, a repetida cara-de-pau de quem quis vestir a carapuça de Big Brother no sistema socialista, pregando pela mundo que a sua terra era a terra da liberdade. 

Ficamos com São Mateus (Mt, 23:27)"Vae vobis scribae et pharisaei hypocritae: quia similes estis sepulchris dealbatis quae aforis parent hominibus speciosa, intus vero plena sunt ossibus mortuorum et omni spurcitia".