domingo, 14 de julho de 2013

# atleticania (ii)


Já jogamos como furacão, e já jogamos vazios como o vento.
 
Já jogamos em arenas, estádios, campos e baixadas, e em pocilgas, picos e d´além mar.
 
Já jogamos com noite, sol, chuva e em casamentos de viúva, e já jogamos no frio, sem bodas e como defuntos.

Já jogamos com argentinos, uruguaios e rubro-negros da gema, e já jogamos com múmias peruanas e omeletes suburbanos.

Já jogamos com um camisa dez e mais dez, e já jogamos sem um dez e mais ninguém.

Já jogamos com crioulos cabeludos e polacos com saúde de vaca holandesa, e já jogamos com mamelucos moicanos e mulatos sem raça.

Já jogamos com joões, pedros e josés, e já jogamos só com um paulo. 

Já jogamos com um a mais e que parecia trezentos, e já jogamos com dois a menos e um goleiro de tróia. 

Já jogamos com uma posse de bola barcelonista e fora o chocolate, e já jogamos como reféns taitianos levando fumo sem dó.

Já jogamos metendo bola na trave, no travessão, na forquilha e nas canetas, e já jogamos sem chutar em gol e sem ver a cor do melão.

Já jogamos dando carrinho, dando meia-lua e dando chapéu, e já jogamos minguantes, atropelados por um caminhão.

Já jogamos batendo escanteios, faltas e pênaltis, e já jogamos só batendo o toss e as palmas.

Já jogamos tresnoitado e com bafo-de-onça, e já jogamos depois de uma hibernação polar semivirgem e sem fim.

Já jogamos com técnica, com tática, com beleza, com estrutura e com planejamento, e já jogamos sem rumo e se achando visionários.

Já jogamos valendo o corpo e a alma, e já jogamos velando a alma entregue.

Já jogamos com sangue, suor e lágrimas, e já jogamos só com as lágrimas.

E nestas idas e vindas, e de um jeito ou de outro, para o resultado desta nossa atual relação com os coxas podem dar o nome que quiserem.

Eu chamo de “freguesia”.