quinta-feira, 7 de outubro de 2010

# uma breve realidade no mundo do aborto


fdsfdDentro de toda a difamatória, caluniosa e injuriosa campanha midiática absorvida (e medusicamente acreditada) pela classe média amorfa e alienada de nosso país – e cujo mote é tentar a todo instante destruir o Governo Lula –, nada supera a canalhice da mistificação religiosa centrada no complexo tema do aborto.
fdsfdUma vergonha, ainda que dentro do vale-tudo eleitoral, uma vergonha do mais baixo nível. É o jogo sujo e covarde já historicamente adotado pela grande mídia, fiel representante da elite conservadora brasileira.
fdsfdPrimeiro, pela mentira em si, pelo falso discurso que essa imprensa golpista (Globo, Veja e Folha/Uol – o Estadão, lembre-se e louve-se, mostrou oficialmente o seu lado) e os reacionários de plantão (direita, evangélicos e católicos bananas e milicos-de-pijama) tentam imputar à candidata do governo Dilma Roussef.
fdsfdOra, em nenhum momento destes oito anos, e jamais nesta campanha presidencial, o Governo disse ser a favor ou contra o aborto. Até porque, por óbvio, jamais se posicionaria assim, haja vista que isso não é um assunto "do" governo, mas um assunto do Brasil, do povo brasileiro, e, por isso, a ser decidido por cada cidadão, diretamente, sem intermediários ou representantes.
fdsfdDepois, pela magna complexidade do assunto, que exige ser discutido noutro e maior plano, ao menos no da sua “descriminalização”, e que vai muito além da mera questão de se estar, claro, contra o aborto.
fdsfdOra, apenas os hipócritas e os xiitas religiosos não enxergam que o aborto deve ser tratado como uma questão de saúde pública. E é assim que o PT, Lula, Dilma e o (excelente) Ministro da Saúde, José Temporão, encaram-no e sobre ele sempre se manifestaram, sem jamais ficar se escondendo do assunto ou sobre ele fantasiando e tergiversando.
fdsfdFica evidente, novamente, que do tema extrai-se o velho problema da cruel desigualdade e da divisão de classes em nosso país, afinal, a mulher rica (ou com condições de conseguir dinheiro) faz o aborto numa situação de bem-estar, de total ordem clínico-hospitalar, de adequada paz física e com todos os cuidados médicos necessários. Logo, para a definitiva decisão dessas donzelas resta-lhes ouvir as vozes da sua consciência moral, da sua crença religiosa e da sua paz espiritual. Ao menos neste plano, portanto, a decisão não lhes custará a vida, mas tão-somente sacos ou malas de milhares de reais.
fdsfdAgora, querer insistir na tese de que o Estado deve ficar à margem disso – não oferecendo condições médico-sanitárias para cuidar da vida das dezenas de milhares de mulheres carentes e desamparadas que, imputando-lhes o risco de morte como custo real da tomada de decisão, estão a abortar, pelos barracos e terrenos baldios, com agulhas de crochê, com suco de tinta, com chá-de-fita, com vermífugos de elefante ou com pontapés na barriga – é absolutamente fascista.
fdsfdOu seja, ideia e comportamento típicos desta nossa burguesia clerical – liderada pela "Opus Dei" e pelo "Tradição, Família e Propriedade" –, desejosa da volta da UDN/Arena/ PFL/DEM, com o PSDB, ao poder e cuja postura, a propagar a tese de que "Dilma comía e agora mata criancinha", conseguiu aterrorizar e amedrontar muita gente ignorante, crente que o voto no PT (e em Dilma) era o voto no pecado (e em Eva).
fdsfdEm suma, ser contra o aborto e a favor da vida é lógico-dogmático, pelos pressupostos cristãos ora em defesa, e fácil, pelos padrões econômicos de quem porventura ainda não tenha entendido muito bem a vida&morte intra-uterina.
fdsfdPorém, nada parece tão difícil quanto mostrar à nossa elite branca a lógica de que o aborto deve ser encarado como um problema de saúde pública, cuja criminalização expõe à morte (e à subumanidade) milhares de mulheres brasileiras pobres e desgraçadas.
fdsfd