quarta-feira, 29 de setembro de 2010

# o epifenômeno verde

fdsDantes uma mera eco-fundamentalista neandertal, eis que a grande mídia (e a classe pequeno-burguesa) descobre Marina Silva e faz dela a evolução da espécie política e a nova “queridinha do Brasil”.
fdsMas, convenhamos, não há nenhuma surpresa nesse fato: há quatro anos, até em Heloísa Helena o Grupo Globo-Folha-Abril depositou as esperanças de conter Lula; porém, agora, a coisa vem esverdeada, com um sorriso fransciscano e ares de mico-leão-dourado.
fdsMarina, frustrada pelo fato de o Presidente da República ter preterido-a em relação à Dilma como candidata presidencial, e, em especial, balançada diante do antigo e insistente assédio dos verdes, enxergou a oportunidade de, numa atitude egóica (como diria um amigo meu...), finalmente sair do ostracismo e despontar para os holofotes platinados e midiáticos globais. Há alguns meses, portanto, ela saiu do PT (e do Governo) para não entrar para a história.
fdsSabe-se, claro, que no Brasil os verdes já não fedem nem cheiram o orgânico sabor de um partido alternativo e independente. Foi-se aquele tempo. O real foco, agora, é outro, menos sócio-filosófico-ideológico-antropológico-ecológico. Nestes nossos tempos, os verdes olorizam-se pelo aroma prosecco das cheias “taças” que desfilam sobre as mesas enfeitadas da malta pequeno-burguesa e já nem bem se lembram mais. É, segundo eles, a lógica darwinização.
fdsHoje, capitaneados pelo neo-tucano-de-plumagem-esmeraldina Gabeira, os verdes vêm insistir, com Marina, naquela cantilena da "terceira via" (A. Giddens), uma ladainha que fantasia ao mostrar que há outro caminho para além da direita e da esquerda. Ora, ora... e um parêntesis: se não vou para lá e nem para cá – ainda que mais ou menos próximo das extremas e do centro –, fico no meio e, então, passo a ser um conservador (e, pois, da direita, que é quem luta por, no mínimo, manter o status quo, afastar reformas e estancar mudanças). E é desse jogo que as famiglias nacionais gostam, e é dos seus resultados que são dependentes.
fdsE, assim, eis que a grande mídia – grã-porta-voz dos interesses desses suseranos tupiniquins e eco dessa nossa elite branca – nela vê a única (e última) esperança de derrotar a famigerada Hidra que, de chapeuzinho do MST e vestida de vermelho, virá com as suas cabeças e o seu hálito venenoso matar e comer as criancinhas do nosso Brasil varonil.
fdsSim! Agora, só a Senhora-do-Capuz-Verde será capaz de levar o prélio (e Serra) para um segundo turno, momento em que se tentará, a todo custo, promover a reviravolta eleitoral e devolver a ordem num país que, veja só, bem progride (v. aqui).
fdsAfinal, como o candidato da direita (v. aqui) não conseguirá ultrapassar a barreira dos 30%, somente esta exótica nova musa será capaz de convencer a classe média-alta, os prosélitos do TFP (“tradição, família e propriedade”) e a turma dos demais alienados e descolados, de que o projeto Lula – o Menino-do-Dedo-Vermelho – não pode seguir em frente.
fdsMas, digo aos meus, não tenhamos "medo" (ou o anti-medo), pois, ainda assim, mesmo que essa gente toda resolva sair do “nulo”, do “branco”, da "indecisão" ou da “abstenção” – vez que, definitivamente, não têm coragem de ir votar no ideal demo-tucano e se re-cu-sam (e têm hor-ror) a votar numa ex-guerrilheira (e então admitir, nas urnas, que Lula fez, embora com falhas e pouco sangue, um dos melhores governos da história deste país), preferindo, pois, “lavar as mãos” e confirmar esse seu modus vivendi –, o contingente não será suficiente diante da grande onda avermelhada (ainda não vermelha, infelizmente) que atinge todos os cantos do país. .
fdsDilma, meus caros, com uma surra, já está eleita.
fdsE então restará à Marina poucos holofotes, o amarelo sorriso e, claro, um grande mico.
fds