terça-feira, 29 de junho de 2010

# uma reles margarina


fdsOs anunciantes e as suas marcas, pela dinâmica do mercado, não podem admitir o vácuo, assim como ocorre na política.

fdsE, por isso, a cada renovação, a cada ciclo, a cada mudança de estação, a cada grandes fatos novos, precisam já impor um novo produto, uma nova cara, um novo personagem que lhes seja útil, que lhes dê visibilidade e, claro, que lhes traga lucro; não podem, pois, ficarem ligados à coisa velha, ao antigo, ao ultrapassado, ao démodé, ou mesmo deixar o seu negócio esfriar.

fdsDestarte, antes mesma da irreversível decadência de Ronaldinho, a superempresa prontamente já elegeu Cristiano Ronaldo, o dublê de ator e de futebolista português, e o impôs goela abaixo de todo o mundo.

fdsEra ele quem seria a bola da vez, embora com muito menos bola.

fdsEsta, pois, é a trajetória circunstancial do atacante lusitano, o atual garoto-propaganda e ícone da maior marca de material esportivo do planeta.

fdsNa verdade, ele foi inventado, fabricado, moldado, carimbado, selado e registrado para voar, para brilhar, para ser o grande astro do mundo da bola e para se tornar a grande vedete do showbusiness chamado futebol.

fdsE patentearam-no, bien sûr.

fdsFaz pose, caras & bocas. Não cansa de gestos milimetricamente calculados e nauseabundas firulas treinadas. Vive de olho nos telões, nas câmeras, nos paparazzi e na claque. ]
fdsMas não joga, ou, ao menos, joga muito menos do que querem nos fazer crer que joga.

fdsE não vive o jogo, pois, a todo instante, usa de uma imensa máscara, de uma fantasia criada à imagem e à semelhança dos desejos midiáticos para se reproduzir e se multiplicar, artificialmente.

fdsA sua mínima e mais óbvia ou comum jogada é repetida à exaustão, insistentemente, em todos os cantos da Terra e por todos os meios de comunicação. E passa a ser considerada genial. Mas não é.

fdsÉ, sim, apenas fantasiada. E embrulhada para imediato consumo de tantos jovens cara-pálidas.

fdsSim, Cristiano Ronaldo é um produto, uma submarca fantasia de uma gigantesca marca transnacional. E um produto ruim, que não cumpre o que faz prometer, razão pela qual o povo português merece, a tempos, uma substancial indenização.

fdsAssim, a pobre torcida portuguesa é lograda pela empaturração em alta-voltagem daquele pseudo-craque, que não decide partidas, que não trabalha em grupo e que não aparece para o jogo, tal qual (não) fez hoje na derrota para a Espanha (e tal qual sempre faz em jogos decisivos pela Europa afora). Uma vergonha.

fdsMas, fica já uma certeza: Portugal não deve chorar pela total omissão e incapacidade técnica deste seu jogador.

fdsAfinal, ninguém chora pelo que nunca teve ou existiu.
fds