sexta-feira, 18 de junho de 2010

# a-deus



fdsO escritor é assim: vai o corpo e a sua obra fica para a eternidade. Ele não morre, é o seu consolo fazer-se perpétuo nas palavras escritas.

fdsCessam as novidades, interrompem-se os renovados ciclos criativos, congelam-se as palavras curtidas, mas o que sempre pensou, imaginou, defendeu e escreveu cá fica, talhado em papel ou eletronicamente fixado no mundo virtual.

fdsNão há um fim.

fdsE o escritor que não trabalha apenas com a redação de ficção ou com a literatura de conveniência, vai muito além disso, e supera-se.

fdsAo conseguir aliar as ideias e os ideais de vida, de sociedade, de Estado e de cultura com a ficção -- mas uma ficção bastante real, próxima e presente --, este escritor transcende as simples palavras vivas de um romance, irrompe os meros limites do publicado descartável, fulmina a tergiversação matemática das ciências humanas e sepulta a vã filosofia oportunista.

fdsNeste estado de espírito e nesta práxis, o escritor pretenda deixar o mundo melhor, e se afasta daqueles preocupados apenas em rechear os bolsos ou contentar suseranos.

fdsJosé Saramago, em carne-e-osso, foi; mas o que sempre nos ensinará e nos fará pensar, com os seus livros e o seu "caderno virtual" (v. aqui), está aí, para sempre, ao alcance de todos.

fdsBasta abrirmos os olhos, e querer enxergar. Com bastante lucidez.

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fds"Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a  parte nenhuma."  (José Saramago)