quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

# antifahrenheit 451 (xviii)


fdsDiversos emails, em especial fora do Paraná, vêm indagar-me sobre a iniciativa de parte do PMDB nacional lançar o Governador Roberto Requião como candidato à Presidência da República. Vamos aos fatos.
fdsNo Paraná, pobre não paga luz e a água tem uma cobrança simbólica. As microempresas não pagam impostos. Aproximadamente 95 mil itens de consumo popular tem isenção de ICMS (reduzindo o preço final daqueles bens básicos e fundamentais que são adquiridos pelos trabalhadores, como alimentos, vestuário, higiênicos e medicamentos). Policiais militares e professores do ensino médio e fundamental têm os melhores salários do Brasil.
fdsAqui, a Agência Estadual de Fomento (criada depois que venderam o Banestado), cria o "Banco Social", com taxas de juros bem abaixo dos de mercado e novas linhas de crédito voltadas para micro e pequenas empresas e têm como mote a geração e manutenção de empregos. Com os financiamentos agrícolas da mesma Agência aos pequenos produtores rurais, os investimentos públicos na infraestrura de zonas rurais e a reativação (e criação) de dezenas de Escolas Agrícolas, conteve-se a migração para os grandes centros do Estado e desenvolveu-se as regiões pobres do interior.
fdsCriou-se o maior programa nacional de bibliotecas públicas, sendo construídas "Bibliotecas Cidadãs" em quase 300 municípios, e, com as quase 150 unidades dos "Centros de Saúde da Mulher e da Criança", tem-se um projeto sem igual no país, a oferecer pleno e especializado atendimento médico-ambulatorial a essa parte da população.
fdsNão se terceiriza serviços, negócios ou mão-de-obra fins; tem-se o porto mais lucrativo do país -- já que o "lucro", para tantos, é o sacrossanto resultado da "eficiência"... -- e uma Ferroeste que faz não acabar o sonho de se investir dinheiro público neste importante modal de transporte. Aqui, os movimentos sociais tem crucial voz, em todas as suas vertentes, enfrentando-se assim os preconceitos da tradicional elite branca nativa. E com propaganda em rádios, tevês, revistas e jornais privados não se gasta 1 real.
fdsEntretanto, mais importante do que esses dados e números, é a postura prática e o ideal politico deste Governo, afinal, mesmo antes da crise, já se admitia (e se mostrava) que o Estado é vital para o desenvolvimento. No Paraná, portanto, tem-se as "algemas" e os "motores" que regulam e impulsionam a mão livre e invisível do mercado.

fdsHá problemas? Claro. E o pior deles é a gente picareta ou incompetente -- seja ou não nepote -- que, infelizmente, brotam em todos os cantos da iniciativa estatal e cujas mazelas, inevitavelmente, também acometem o atual Governo, com a conivência (ou não) de tantos agentes públicos estaduais que poderiam (ou não) extirpá-las ou ao menos controlá-las. E isso, infelizmente, atravanca o progresso e inibe o melhor desempenho estatal. São, afinal, os custos de uma democracia não-representativa e, maiormente, da pluralidade partidária.
fdsMas, e Requião como Presidente do Brasil? Certamente conseguiria transferir para todo o país grande parte das políticas públicas estruturantes aqui promovidas, além, claro de certamente manter todas as políticas sociais do Governo Lula. Ademais, creio que não hesitaria em acabar com a farra soberana do Banco Central e da política rentista e usurária que permite aos bancos extorquirem empresas e cidadãos, fato que incontestavelmente macula a gestão federal atual. Também, retomaria a função republicana da Política Federal, impedindo-a de ficar à mercê dos interesses privados, bem como aceleraria o enfrentamento (e a solução) de questões ambientais e agrárias.
fdsNão se iluda, porém. Lá, enfrentaria os mesmos problemas que aqui, pois (i) grandes projetos -- como, p. ex., a (re)estatização de serviços e negócios essenciais (ou estratégicos), o fim do pedágio e a quebra de outros contratos nefastos ao interesse estatal, a desapropriação de terras com vistas ao interesse público e à reforma agrária etc. -- seriam impedidos ou atravancados por um Poder Judiciário extremamente conservador, e (ii) grandes problemas seriam inventados -- ou os pequenos catalizados -- por uma grande mídia que (quase) controla o país e a opinião pública.
fdsEnfim, como Dilma -- ressalvadas algumas das maiores questões acima comentadas -- e Ciro Gomes, Requião é sim um grande nome, especialmente se comparado aos demos (DEM), aos tucanos (PSDB) e a outra grande banda do PMDB que deseja o poder.
fdsTodavia, haja vista os grandes interesses individual-partidários em jogo, sabe-se que é um nome relativamente utópico.
fds


# rubro-negras (i)


fdNão vi o jogo. Nem precisava.
fdA ousadia criativa não significa, de per si, brilhantismo; ao contrário, pode muitas vezes traduzir-se em lambança, em papelão, em negligência, em provocado infortúnio.
fdNa noite de ontem, em Cascavel, o Delegado Lopes -- cujo trabalho e capacidade técnica, diga-se, merecem toda a nossa admiração e respeito -- armou o time com tamanha invencionice e com tamanho despropósito, que o resultado não poderia ter sido outro: li e ouvi, em todos os veículos de comunicação, que o time foi um desastre.
fdOra, não haveria mesmo de se obter eficiência diante das peças convocadas e da maneira que o nosso Professor Ludovico escalou esses jogadores: (i) a pensar que Alan Bahia e Alex Sandro eram Pelé e Tostão, insistiu em colocá-los lado a lado (ou sobrepostos...), prejudicando ambos; (ii) a imaginar que o esplêndido Manoel poderia ser Djalma Santos, arremessa-o numa ala-direita e acaba com ele (e com a nossa zaga); (iii) a acreditar que Chico um dia ainda vai virar um Beckenbauer, insiste com ele como titular; e, por fim, (iv) a aparentar crer em Netinho como a intocável solução para substituir Paulo Baier, fica refém de uma Diretoria que não contrata um armador ou um ponta-de-lança (mas, afinal, se não ele, quem escalar com a 10?).
fdEnfim, não obstante essa grande responsabilidade da Diretoria, entrar em campo com três zagueiros, três volantes e sem um ala-direita e um grande armador, mais do que uma grande invenção, parece ser um lampejo de esquizofrenia. Ou muita soberba.
-----x-----
fdDas pitorescas mudanças promovidas (e das insistências irritantes), a que mais causou celeuma foi a colocação do Manoel na lateral direita.
fdSinceramente, a priori, tal estratégia não seria de todo mal. É assim, afinal, que vários times e seleções da Europa jogam -- e peguemos, por exemplo, o catenaccio de vários clubes italianos e a falada seleção espanhola, que jogam com quatro zagueiros, dois deles como recuados laterais.
fdO problema é que o Atlético, por não treinar assim e por não ter as peças aptas para jogar assim, não se armou para jogar com um zagueiro como lateral.
fdNeste esquema, deve haver pela direita um jogador que atue como armador&ponta; porém, com Alan Bahia pelo centro, com outros dois canhotos pela esquerda (Alex Sandro e Netinho) e com Marcelo ignorado na ponta-direita, o sistema afunda.
fdE mostra-se capenga e inócuo, como se mostrou ontem.
fdfds

 

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

# um outro mundo é possível (2)?





fdsfdsDe hoje até 29 de janeiro uma enorme gama de cientistas, intelectuais, estudantes, artistas, políticos e trabalhadores de todas as partes do mundo concentram-se em Porto Alegre/RS para a décima edição do "Fórum Social Mundial", encontro que estimula o debate, a reflexão, a formulação de propostas, a troca de experiências e a articulação entre organizações e movimentos engajados em ações concretas, do âmbito local-regional ao internacional-global, pela construção de um outro mundo, mais solidário, mais democrático, mais igual e mais justo.
fdsfdsApós ter rodado partes do globo -- Índia, Quênia, Venezuela, Paquistão etc. --, o fórum volta à sua cidade de origem (Porto Alegre/RS) para se confirmar como o mais importante e mais crítico evento mundial com vistas a debater o mundo sob um viés frontalmente contrário daquele debatido (e querido) no "Fórum Econômico Mundial" de Davos, na Suiça -- embora, diga-se, desde a nova crise esse tenha se mostrado mais, sei lá... humano.
fdsfdsCertamente a grande mídia insistirá em abafá-lo, menosprezá-lo ou ridicularizá-lo, mas, perdoai-os, pois eles não sabem o que dizem... E, assim, você poderá acompanhá-lo nos diversos canais virtuais que cobrem o evento, como o sítio oficial do Fórum (v. aqui) ou a "Carta Maior" (v. aqui), ou mesmo na TV Educativa do Paraná.
fds

# aspas (xxxii)

f
dsNa linha do que à profusão escrevemos neste nosso sideral espaço virtual, o sociólogo gaúcho Cristóvão Feil (v. aqui) brinda-nos com o texto abaixo:
 
fds"Há um visível recrudescimento na idiotização das pessoas.fdsA mídia é a principal usina de produção em série de idiotas e tolos de todos os calibres. O nivelamento por baixo e o achatamento geral do imaginário médio é a principal contribuição dos modernos meios de comunicação de massas. Hoje, é muito fácil encontrar o que eu chamo de idiota triunfante, aqueles sujeitos que se orgulham da própria ignorância e pobreza de espírito. O tolinho jactancioso tira prazer onanista da sua condição, e se basta.
fdsO espírito de nossa época --o Zeitgeist, como diz apropriadamente o alemão -- flutua numa emulsão formada por dois elementos: a ciência (as tecnologias) e a idiotice. Os idiotas de nosso tempo se projetam nos gadgets que encontram pelo caminho.fdsObservem: todo o tolo que se preza porta pelo menos um artefato mecânico ou eletrônico. Não vive sem essas muletas. É a sua forma de se referenciar com o mundo, de comunicar a sua estupidez relativa ('afinal, estou conectado ao futuro!').fdsMas o fenômeno não é original. Gustave Flaubert, o corrosivo crítico da burguesia, ainda no século 19 já havia detectado o fenômeno da tolice social. Para tanto, começou a colecionar os ditos correntes do senso comum e reuniu-os no famoso 'Dictionnaire des idées reçues'. O escritor francês comentou -- e publicou nesta pequena obra de pouco mais de cem páginas -- todas as bobagens ditas pelas pessoas que queriam parecer inteligentes e atualizadas. Aliás, Flaubert seria o descobridor da tolice.fdsQuem garante é Milan Kundera, para quem a tolice é a maior descoberta de um século - o 19 - tão orgulhoso de sua razão científica. Antes de Flaubert não se duvidava da existência da tolice, embora esta fosse compreendida de um modo diferente. A tolice era considerada como uma simples falha do conhecimento, um vazio provisório, passível de ser preenchido pela instrução.fdsMas Flaubert insiste, e praticamente sustenta a sua obra baseada no tema da tolice e da idiotia. Ema Bovary é uma tola que aspirava ser amada por todos os homens. Bouvard e Pécuchet são dois pequenos idiotas que aspiram conhecimentos enciclopédicos acerca de tudo. Leio agora na Wikipédia que Barthes considerou 'Bouvard e Pécuchet' como 'uma obra de vanguarda'. A considerar a idiotia galopante de nossos dias, pode ser.fdsKundera brinca afirmando que 'a descoberta flaubertiana é mais importante para o futuro da humanidade que as ideias mais perturbadoras de Marx ou de Freud'. Pois podemos imaginar o futuro do mundo -- prossegue Kundera -- sem a luta de classes ou sem a psicanálise, mas não a invasão irresistível das ideias feitas, estandardizadas, pasteurizadas, que, 'inscritas nos computadores, propagadas pela mídia, ameaçam tornar-se em breve uma força que esmagará todo o pensamento original e individual e sufocará assim a própria essência da cultura européia dos Tempos Modernos'.
fdsO mais chocante -- constatado pelos geniais romances de Flaubert -- é que a tolice não se apaga diante da ciência, das altas tecnologias, da pósmodernidade (seja lá o que isso signifique). Milan Kundera ousa afirmar que 'ao contrário, com o progresso, ela também progride!'.
fdsArrisco a dizer que os bobalhões e as baratas sobreviverão ao próprio planeta. 'Coisas da vida' - como diria Kurt Vonnegut, outro escritor especialista em tolos e idiotas."
fds


 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

# consciência e caminho



fffdsO ser humano é confuso; em tantos casos e situações, muito.
fffdsE lá e cá, do quase internacional norte amazônico ao bairro nobre da capital paranaense, duas grandes figuras -- a mim muito próximas noutros carnavais -- mostram-se sentimentalmente confusas.
fffdsA primeira, outrora retumbantemente dita de esquerda, de apoiador dos movimentos sociais, de preocupado com os rotos e os aleijados, de intransigente com a falta de terra e comida, de eleitor do luiz inácio, de exterminador do estado mínimo,
de contestador das coisas do grande capital, de opositor à grande mídia corporativa etc. -- capaz, até, de discussões madrugada e vinhos do porto adentro com este que vos fala, dantes um idiota que ainda transitava (e elevava-se) do egocêntrico e libertino mundo de luxo&riqueza para o justo mundo de saber o que é consciência --, mostra-se agora um firme defensor da banda UDN/ARENA/PFL/DEM e de todos os interesses que tal grupelho historicamente defende. Ossos do ofício? Tu quoque, Brute?
fffdsA outra, um veementemente autoaclamado "anarco-liberal", resolve, não sei se do dia pra noite, fiar e afiançar a ode que se faz ao governo dos milicos bundões e da canalha direita, nos anos de trevas totais que a nossa escrota ditadura propiciava. Dantes uma pessoa cujo sonho parecia ser um woodstock regido por mãos invisíveis, hoje parece delirar com um nazi-salazarismo comandado pela tradição, família e propriedade. Quo Vadis, Domine?
fffdsLembro aqui, e sempre, Voltaire -- "je ne suis pas d'accordavec un mot de ce que vous dites, mais je défendrai jusqu'à la mort le droit de le dire", ou algo assim... --, e por isso jamais admitiria vê-los calados, pois, além de cidadãos, são inteligentes e agradáveis (esta liberdade, inclusive, é um dos suportes da democracia que defendo, a qual, já se insista, não é essa que anda por aí, dissimulada no faz-de-conta das eleições).
fffdsContudo, que ambos parecem estar a passar por alguma aguda e conflituosa fase de autocrítica filosófico-político-social, ah, isso estão.
fffdsE então meus filhos, o que se há de fazer? Temo, talvez, pelo pior.
 
 
fds

# crime & castigo


fffdMuito já nos manifestamos sobre o assunto (v. aqui, aqui, aqui e aqui).
fffdE agora está quase provado.
fffdE as bestas de plantão, o que dirão com o não-fim do mundo e com o não-extermínio da raça humana?
fffdA seguir, as notícias que estavam à frente de todos, mas que a cegueira branca (ou a estupidez cretina ou a má-fé capitalista) da grande maioria impedia de enxergar: "Conselho da Europa investiga a ficção lucrativa e debate a 'pandemia inventada'" (v. aqui) e "Gripe A - a corrupção na saúde pública" (v. aqui).

--x--
fffdTodavia, mesmo diante de todas estas (quase) evidências, a grande mídia corporativa e a parcela podre da saúde pública ou privada brasileira -- que parecem financiadas pelos grandes promotores do golpe da gripe -- já pressionam e advertem o Estado para o inverno que se aproxima e que, agora garantem, a tal peste vai mesmo dizimar o resto da população sobrevivente.
fffsE o Estado, o que deve fazer?
fffsOra, não importa o que faça será, claro, jogado aos leões, afinal: (i) se realmente ignora essa farsa toda, não gasta a querida fortuna em remédios e em arsenal anti-gripe suína, mas meia dúzia de pessoas morrem do treco, ele será eternamente criticado por não ter se preparado, por não ter investido, por ter sido negligente etc.; e, por outro lado, (ii) se realmente dá ouvidos às notícias e aos reclames da mídia e das indústrias fármaco-hospitalares, e gasta uma fortuna para se precaver e combater a tal gripe suína, e ela não vem (ou vem, como bem se viu, como outra coisa qualquer que, mais ou menos sólido, não se desmanchou no ar), será eternamente criticado por ter jogado fora dinheiro público, por não ter examinado direito, por não ter sido eficiente etc.
fffdSim, é assim que o jogo funciona.

fds

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

# aspas (xxxi)



Joaquim Nabuco -- um dos grandes brasileiros da nossa história, motivo de tantas homenagens e comemorações neste ano do centenário da sua morte --, em 5 de novembro de 1884, em Recife, num discurso da sua campanha para deputado, já falava uma das grande verdades e necessidades do Brasil, ainda hoje insistentemente ignorada ou vilipendida pelo DEM/PFL/ARENA/UDN, pela OAB, pela CNA, pelos pré-modernos senhores feudais e pela grande mídia corporativa: a ampla e estruturada consecução da reforma agrária.

O nosso Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim -- o "maior chanceler do mundo", segundo matérias de alguns especialistas internacionais --, em recente conferência na Academia Brasileira de Letras, reproduziu trecho daquele histórico discurso de Joaquim Nabuco (v. aqui):

fdsfd“Não há outra solução possível para o mal crônico e profundo do povo senão uma lei agrária que estabeleça a pequena propriedade, e que vos abra um futuro, a vós e vossos filhos, pela posse e cultivo da terra. É preciso que os brasileiros possam ser proprietários de terra, e que o Estado os ajude a sê-lo.
fdsfdA propriedade não tem somente direitos, tem também deveres, e o estado de pobreza entre nós, a indiferença com que todos olham para a condição do povo, não faz honra ao Estado.

fdsfdEu, pois, se for eleito, não separarei mais as duas questões: a da emancipação dos escravos e a da democratização do solo. Uma é o complemento da outra. Acabar com a escravidão não nos basta; é preciso destruir a obra da escravidão.



 

# a música do brasil


Do twitter do Macuco (v. aqui cujo jornalista já tenta me convencer a também adotar esta mais (nem tão) nova ferramenta de comunicação , traz-se a notícia do mais novo vídeo feito para o samba-enredo da Mangueira de 2010: "A Mangueira é Música do Brasil".

E eu engrossarei o coro, lá no chão de esmeraldas do "Palácio do Samba" e na avenida, pilchado em verde-e-rosa para o Carnaval.


fds
fds

# antifahrenheit 451 (xvii)

ffdsO Sistema Penitenciário do Paraná, que estava (propositadamente?) sucateado e que já tinha diversos estudos privatizantes realizados pelo governo anterior, desde 2003 contabilizou quase R$ 100 milhões em investimentos, não só nas construções e reformas, mas na infraestrutura de equipamentos de segurança e de ressocialização, sendo que todas as penitenciárias contam com salas odontológicas e de pronto-socorro, bibliotecas, salas de aula, espaço para atividades de ressocialização, atendimento jurídico, de assistência social e psicológica aos presos e seus familiares.
ffdsNo final de 2002, havia 6.529 vagas em penitenciárias que se concentravam em 14 unidades em Curitiba e Região Metropolitana, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Guarapuava, Foz do Iguaçu e Cascavel. O atual governo praticamente dobrou o número de penitenciárias, sendo inauguradas 12 unidades nos municípios onde já havia presídios, além de Francisco Beltrão.
ffdsAlém disso, nos pŕoximos meses o Governo do Estado, com o Centro de Detenção e Ressocialização de Cruzeiro do Oeste e a Penitenciária de Regime Semiaberto de Maringá, criará mais 1.336 novas vagas no Sistema Penitenciário do Paraná, que passará a contar com um total de 15.904 vagas, um aumento de quase 150% em relação ao início da gestão em 2003.
ffdsAfora construir novas unidades, o Governo do Paraná promoveu reformas que possibilitaram a abertura de outras 1.234 novas vagas na Penitenciária Feminina de Piraquara, Penitenciária Industrial de Cascavel, Penitenciária Estadual de Piraquara, Colônia Penal Agrícola, Alojamento Parque Agrícola de Piraquara e Complexo Médico Penal.
-----xx-----
ffdsDe acordo com dados do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen-PR), há pelo menos 100 atividades profissionalizantes ligadas ao programa de ressocialização de presos e 75 convênios com empresas.
ffdsAlém da escolarização, há canteiros de costura industrial de calçados, latoeiro, pintor de automóveis, alta-costura, produção de livros em braille, artesanato em geral, olaria, entre outros, e de capacitação profissional como cursos de prótese dentária, funilaria, operador de máquinas de costura e fabricação de produtos de limpeza. Hoje, mais de 3 mil detentos trabalham nos presídios paranaenses.
ffdsO preso recebe pelo seu trabalho no Sistema Penitenciário, através de transferência eletrônica dos valores estabelecidos pelo Fundo Penitenciário, para uma conta poupança em nome do prisioneiro. Até 80% desse valor pode ser repassado para a família, e o restante em crédito para o próprio preso, que pode resgatar o dinheiro, quando receber o alvará de soltura.
-----xx-----
ffdsEm relação ao número de agentes penitenciários, diferentemente do que a grande mídia nativa noticia em manchetes mentirosas (e criminosas), também teve um aumento significativo em oito anos: 91,5%. Em 2003, o Paraná contava com 1.246 agentes; hoje, conta com 2.388.
ffdsO salário pago atualmente também é o maior do país (R$ 2.550,65), bem à frente, pois, de São Paulo (R$ 1.895,15) e Minas Gerais (R$ 1.545,19), por exemplo. (v. aqui)
fds

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

# bastantes meias palavras


Dentre tantos com outras colocações, provocações, cumprimentos ou tergiversações em relação às nossas últimas bulas, diversos emails questionam-me sobre três pontos, já de pronto respondidos:

- Por que defender a "Comissão da Verdade"?

Ora, pelo simples fato de o Estado brasileiro, atrasado, ter uma dívida histórica com a sociedade brasileira e já ser o único país na América que se recusou, até hoje, a processar e julgar os criminosos que atuaram em defesa da ditadura (v. aqui).

- A vitória da direita no Chile pode indicar que Lula terá dificuldade para transferir votos para Dilma, como aconteceu com Bachelet e Frei?

Não! Absolutamente.

A composição centro-esquerda chilena, desde o fim de Pinochet, a cada nova gestão vinha se mostrando mais de centro que de esquerda.

Estagnavam-se as mudanças sociais, as políticas públicas de infraestrutura e os projetos de inclusão e redistribuição de renda.

A população cansou.

O povo cansou. E queria mudanças, quaisquer que fossem elas (tanto é que o candidato governista quase nem alcança o segundo turno). E infelizmente pagará o preço por isso, pois, muito pior que a estagnação, é o retrocesso político-social de um Estado.

Já no Brasil o cenário é completamente outro.

É só o tempo do povo saber quem é Dilma e que ela é a candidata de Lula.

E a vitória é certa, inclusive porque a grande alternativa é o Serra e porque a grande mídia nunca mais conseguirá repetir o fenômeno Fernando Collor.

- Por que esse papo de direita e esquerda, se dizem não mais ter isso?

Não?!

Ora, hipocrisia beata que apenas advém e se sustenta, adivinhem... na própria direita, por parte dos conservadores e reacionários de plantão, que hoje dizem ser tudo a mesma coisa e tudo igual, crentes no "pensamento único" e no "fim da história", posição de extrema conveniência e que apenas visa à manutenção do status quo.

Ora, são notórias as diferenças de ambos os lados e vontades, de ambos os pensamentos e doutrinas e de ambos os objetivos sociais, econômicos e políticos, que fazem sobrepor a solidariedade social ao "darwinismo social", o Estado protetor ao "Estado predador" e o interesse público ao "interesse privado" (v. aqui).



 

# e assim caminha a humanidade (xvi)


fdsfdEnquanto isso, numa sessão de fisioterapia, aproxima-se um senhor com o já de longe percebido sotaque lusitano.
fdsfdSenta-se num dos aparelhos ao meu lado e, a se mostrar simpático, indaga-me sobre a minha cirurgia.
fdsfdTem a resposta e o meu comentário sobre a minha passagem por Coimbra etc.
fdsfdE então já vejo o seu semblante mudar. Acho estranho, mas mesmo assim vou em frente e pergunto:
fdsfd- De qual cidade o senhor é?
fdsfd- Oh meu rapaz, sou de uma cidade muito pequenina, muito perto de Lisboa, chamada [já não me recordo]. O senhor não deve conhecê-la não... excepto se, na qualidade de estudante de Coimbra, reconhecê-la numa das tantas músicas de protesto que Coimbra ajudou a fazer na época daquela 'estúpida' e 'indecente' Revolução de 25 de abril... -- e, com cara de nojo, passa a cantar trecho da música que levava o nome da sua cidade natal.
fdsfdSim, meus caros e minhas caras, o septuagenário senhor estava a querer defender os malditos anos do golpe de Antonio Salazar que, de clara inspiração fascista, conduziu Portugal pelas trevas durante quase 40 anos.
fdsfdE eu, na qualidade de ex-estudante de Coimbra, era para ele quase como um inimigo, vez que a Universidade de Coimbra fora, naqueles anos de chumbo de Portugal, o grande suporte intelectual-estudantil dos opositores ao regime e, pois, dos que promoveram a Revolução.
fdsfdSim, ele, na escrota (ou burra) visão de alguém que, direta ou indiretamente, devia se beneficiar daquele governo plutocrata -- sempre em benefício dos grandes monopólios privados nacionais -- e daquela chauvinista, racista, autoritária, reacionária e conservadora direita que controlava tudo e todos, encheu a boca para dizer que a "Revolução dos Cravos" -- que em 25 de abril de 1974 acabou com o putrefeito salazarismo -- foi estúpida e indecente.
fdsfdSim, ele não mais merecia a minha atenção.
fdsfdEle, estúpido e indecente, talvez não fosse merecedor dos cravos nos canos dos fuzis dos revolucionários portugueses.



fds

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

# aspas (xxx)


fds
O escritor Eduardo Galeano lembra-nos as origens (mais remotas) do caos chamado Haiti, o país mais pobre da América Latina e que hoje também padece do fenômeno da "ongzação" (v. aqui):

fds "A democracia haitiana nasceu há um instante. No seu breve tempo de vida, esta criatura faminta e doentia não recebeu senão bofetadas. Era uma recém-nascida, nos dias de festa de 1991, quando foi assassinada pela quartelada do general Raoul Cedras. Três anos mais tarde, ressuscitou. Depois de haver posto e retirado tantos ditadores militares, os Estados Unidos retiraram e puseram o presidente Jean-Bertrand Aristide, que havia sido o primeiro governante eleito por voto popular em toda a história do Haiti e que tivera a louca ideia de querer um país menos injusto...
fds Os Estados Unidos invadiram o Haiti em 1915 e governaram o país até 1934. Retiraram-se quando conseguiram os seus dois objectivos: cobrar as dívidas do City Bank e abolir o artigo constitucional que proibia vender plantações aos estrangeiros. Então Robert Lansing, secretário de Estado, justificou a longa e feroz ocupação militar explicando que a raça negra é incapaz de governar-se a si própria, que tem "uma tendência inerente à vida selvagem e uma incapacidade física de civilização". Um dos responsáveis da invasão, William Philips, havia incubado tempos antes a ideia sagaz: "Este é um povo inferior, incapaz de conservar a civilização que haviam deixado os franceses".
fds O Haiti fora a pérola da coroa, a colônia mais rica da França: uma grande plantação de açúcar, com mão-de-obra escrava. No Espírito das leis, Montesquieu havia explicado sem papas na língua: "O açúcar seria demasiado caro se os escravos não trabalhassem na sua produção. Os referidos escravos são negros desde os pés até à cabeça e têm o nariz tão achatado que é quase impossível deles ter pena. Torna-se impensável que Deus, que é um ser muito sábio, tenha posto uma alma, e sobretudo uma alma boa, num corpo inteiramente negro".
fds Em contrapartida, Deus havia posto um açoite na mão do capataz. Os escravos não se distinguiam pela sua vontade de trabalhar. Os negros eram escravos por natureza e vagos também por natureza, e a natureza, cúmplice da ordem social, era obra de Deus: o escravo devia servir o amo e o amo devia castigar o escravo, que não mostrava o menor entusiasmo na hora de cumprir com o desígnio divino. Karl von Linneo, contemporâneo de Montesquieu, havia retratado o negro com precisão científica: "Vagabundo, preguiçoso, negligente, indolente e de costumes dissolutos". Mais generosamente, outro contemporâneo, David Hume, havia comprovado que o negro "pode desenvolver certas habilidades humanas, tal como o papagaio que fala algumas palavras".
fds Em 1803 os negros do Haiti deram uma tremenda sova nas tropas de Napoleão Bonaparte e a Europa jamais perdoou esta humilhação infligida à raça branca. O Haiti foi o primeiro país livre das Américas. Os Estados Unidos haviam conquistado antes a sua independência, mas tinha meio milhão de escravos a trabalhar nas plantações de algodão e de tabaco. Jefferson, que era dono de escravos, dizia que todos os homens são iguais, mas também dizia que os negros foram, são e serão inferiores.
fds A bandeira dos homens livres levantou-se sobre as ruínas. A terra haitiana fora devastada pela monocultura do açúcar e arrasada pelas calamidades da guerra contra a França, e um terço da população havia caído no combate. Então começou o bloqueio. A nação recém nascida foi condenada à solidão. Ninguém lhe comprava, ninguém lhe vendia, ninguém a reconhecia.
fds Os Estados Unidos reconheceram o Haiti apenas sessenta anos depois do fim da guerra de independência, enquanto Etienne Serres, um gênio francês da anatomia, descobria em Paris que os negros são primitivos porque têm pouca distância entre o umbigo e o pénis.
fds Por essa altura, o Haiti já estava em mãos de ditaduras militares carniceiras, que destinavam os famélicos recursos do país ao pagamento da dívida francesa. A Europa havia imposto ao Haiti a obrigação de pagar à França uma indenização gigantesca, a modo de perdão por haver cometido o delito da dignidade.
fds
A história do assédio contra o Haiti, que nos nossos dias tem dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental.
fds

# cadeira elétrica


fdfdsParte da grande mídia nacional esconde o que politicamente se passa no Chile, ao dizer que a direita volta ao poder depois de quase 40 anos.
fdfdsMentira! Ou os militares que deram o golpe contra o Governo de Salvador Allende não estavam a serviço da direita, dos conservadores e das elites nativas (e dos interesses político-econômicos estadunidenses)?
fdfdsE diante disso, desde a deposição de Pinochet, só se vão 19 anos.
fds
-- x --
fds
fdfdsA derrota da ortodoxa e bonitinha centro-esquerda chilena -- aqui já comentada -- para a eleição do ultraconservador candidato da direita nativa mostra, mais uma vez, que a ilusão neoliberal na região ainda não teve fim, mantendo-se (quase) viva lá, na Colômbia e no México, afora outras colônias norte-americanas do Caribe.
fdfdsNo caso específico, a falsa ideia pregada pelo liberais que, depois dos militares, creem noutro tipo de líder: o empresário (supostamente e sabe-se lá em que circunstâncias éticas e morais) bem sucedido.
fdfds“Se deu certo dirigindo suas empresas, vai dar certo no Estado” -- eis o mantra da direita quando prega um sistema sócio-político-econômico libertinário. Desta cantilena sobressai a proposta de um Estado que funcione conforme o custo-beneficio, o que significa cortar recursos para financiar políticas sociais e de infraestrutura e para investir em servidores e serviços públicos. Daí o sucateamento do Estado, as privatizações, a mercantilização das relações sociais.
fdfdsPor aqui são os demo-tucanos que adoram esse modelo, tão nefasto para a sociedade e o Estado e tão próspero para a manutenção e concentração do poder e do capital.
fdfdsChoque de gestão? Nada disso.
fdfdsDe choque mesmo, só a certa sensação de que o povo esfalecerá, como se numa cadeira elétrica.

 

# ongzação



ffdNão entendam aqui um discurso daqueles antiamericanos ou anti-imperialistas, inclusive porque jamais somos gratuitos ou maniqueistas nas críticas que fazemos à posição dos EUA no cenário político-econômico internacional (e até porque, no caso presente, um desastre natural é capaz de causar pânico e estragos em qualquer país...).
 
ffdTodavia, é inevitável constatarmos que as ações dos EUA ampliaram sobremaneira os danos do terremoto no Haiti.
 
ffdComo? No diário eletrônico estadunidense "Huffington Post" -- nomeado um dos 25 melhores blogs de 2009 pela revista "Time" e considerado o diário eletrônico mais poderoso do mundo pela revista "The Observer" --, o cientista social Bill Quigley destrincha a situação, ao mostrar o que a mídia corporativa não vai contar sobre o Haiti: parte do sofrimento local é Made in USA (v. aqui).
 
ffdNas últimas décadas, os EUA cortaram ajuda humanitária ao Haiti, bloquearam empréstimos internacionais, forçaram o governo do Haiti a reduzir serviços, arruinaram dezenas de milhares de pequenos agricultores e trocaram apoio ao governo por apoio às ONG's -- eis, então, o fenômeno da ongzação, uma espécie de privatização que acomete o Estado haitiano.
 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

# rubro-negras


O desempenho do Atlético na primeira partida do ano, em Toledo (?!) , pela primeira rodada de um dos piores campeonatos do país, não merece quaisquer comentários, senão o sentimento de pena, pavor e náusea pelo elenco que a Diretoria coloca à disposição do Delegado.




sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

# noite dos (des)mascarados


 
fdsEm caráter provisório, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) suspendeu o andamento de mais uma ação resultante das republicanas operações da Polícia Federal (PF) e ações do Ministério Público Federal (MPF).
fdsDepois da "Satiagraha" -- que prendeu o banqueiro condenado Daniel Dantas, entre outros senhores --, foi a vez da "Castelo de Areia" -- a qual investiga crimes financeiros, tributários e contra a Administração Pública por parte de diversos diretores da construtora Camargo Corrêa, dentre outros -- ser bloqueada, dois dias depois de ser aberta pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, e depois dos diretores da Camargo Corrêa já terem recorrido ao TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) e terem visto negado o pedido.
fdsPara o Presidente do STJ, que concedeu a liminar, a ação deve ser suspensa em razão da investigação da PF ter começado com com uma “declaração anônima e secreta”, que resultou na quebra de sigilo telefônico de diversos envolvidos... porém, como próprio MPF expôs em nota divulgada à imprensa, "a medida judicial, requerida pela Polícia e pelo MPF, e que teve a sua execução devidamente acompanhada, em nenhum momento abrigou a utilização de senhas genéricas por parte da Polícia Federal, conforme falsamente veiculado à imprensa e ao STJ; ao contrário, a Justiça de primeiro grau sempre teve, por cautela, a concessão de senha específica e individualizada para acesso a dados de um único investigado, apenas evitando a sua divulgação a concessionárias de telefonia, com o fim de evitar vazamentos, como já ocorridos, por exemplo, na Operação Têmis, em que investigados acabaram foragidos". Ademais, a investigação e a prisão basearam-se, fundamentalmente, na delação premiada resolvida por um dos investigados, e não nas quebras de sigilo.
fdsAinda, deu-se a liminar por entender que houve outros vícios, como a não concessão de vistas aos autos do inquérito para os advogados... mas, desde quando acusados devem ter acesso às provas do inquérito (no qual não se dá o contraditório) e, principalmente, à identidade de quem aceitou a proposta de delação premiada (a qual não deve ser acostado aos autos do processo, nem deve ser dada vista do mesmo aos advogados dos acusados em inquérito policial)?
fdsEvidentemente, o MPF irá recorrer, pois mostra-se quase evidente que o STJ foi induzido ao erro por ouvir apenas os advogados da empresa. Segundo o MPF, as investigações foram iniciadas com base em informações repassadas por um colaborador que é réu em outro processo.
fdsOra, ulula o óbvio. Desde quando a comunicação anônima de notícia-crime às autoridades de investigação é ilegal? A denúncia anônima tem sido crucial ferramenta no combate a diversos tipos de crime, como tráfico de drogas, homicídio, formação de quadrilha, sonegação e contrabando, viabilizando a prisão de suspeitos e a instrução de inúmeras interceptações telefônicas que resultaram em condenações e prisões, destaca o comunicado do MPF.
fdsAssim, decisões como a do STJ desestimulam a população a denunciar práticas criminosas e colaborar com a Justiça, sendo, pois, inútil todo o esforço do poder público e os gastos com a implementação de sistemas de disque-denúncia, de proteção a testemunhas e de delação premiada.
fdsE, pior, fazem-nos crer que só mesmo pobre não se safa.
 
EM TEMPO: por que quando se trata de uma decisão do juiz Fausto de Sanctis que é reformada, o tratamento dado pela grande mídia (Globo, Veja, Estadão, Folha...) é no sentido de que ele foi “derrotado"? Ora, isso é absoluta rotina na vivência forense, na relação entre juízos de primeiro grau, segundo grau e superiores. Desconfio, pois, que seria para desacreditá-lo perante a opinião pública, pelo simples fato de ter admitido as ações da Polícia Federal e do Ministério Público e ter sentenciado contra diversos donos do poder e do capital, finalmente condenando os "crimes do colarinho brancos", para o temor daqueles que não são pretos, pobres ou putas...
 
 

# viii feijão da fundação

Será neste sábado, a partir do meio-dia, no Café Curaçao, em Guaratuba, o "VIII Feijão da Fundação" (v. aqui) .
É o maior evento beneficente do verão paranaense e a maior e mais tradicional feijoada das nossas praias -- cujo público esperado para este ano é de 2 mil pessoas --, responsável inclusive pelo primeiro grito de Carnaval do litoral.
Se ainda não comprou a sua camiseta-ingresso -- a qual será vermelha, vez que o verde anda meio em baixa, quase um luto... --, agilize, pois os lotes 1 e 2 já se esgotaram e o lote 3 está no final.
Na hora, pois, só com os cambistas, no cruel mercado paralelo...
fds

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

# decreto das verdades

fdsfdsCaro leitor, cara leitora, analise as propostas executivo-normativas abaixo e imagine a invejosa repercussão que, no Brasil, as mesmas teriam se fossem ideias de algum governo europeu. Por exemplo:
fdsfds- criação da "Comissão da Verdade" para apurar os crimes praticados por agentes da ditadura militar e as instituições do Estado usadas para promover e fortalecer o regime;
fdsfds- instituição de instrumentos que estimulem e efetivem a democracia direta, a consulta popular e a participação social, com base em plebiscitos, referendos, vetos populares e leis de iniciativa popular;
fdsfds- criação de comissão para avaliar o conteúdo editorial da mídia;
fdsfds- criação de sanções mais claras e severas àqueles veículos da mídia que não cumpram os seus deveres constitucionais e as suas obrigações com a promoção dos direitos humanos;
fdsfds- regulamentação da taxa do "imposto sobre grandes fortunas", constitucionalmente previsto e admitido;
fdsfds- criação de um código de conduta de direitos humanos a ser obedecido pelas empresas e a vincular qualquer financiamento público por elas requerido;
fdsfds- criação de um marco legal para a prevenção e mediação de conflitos fundiários, a garantir a função social da propriedade;
fdsfds- criação de políticas públicas em ações sustentáveis para a regularização fundiária dos assentamentos de população de baixa renda, comunidades pesqueiras e de provisão habitacional de interesse social, materializando a função social da propriedade;
fdsfds- definição de novas e mais rígidas regras para a rotulagem de transgênicos;
fdsfds- estimulação à produção de alimentos com base nos princípios da agricultura familiar e da economia social;
fdsfdsMas não se trata da Europa não, afinal, lá isso se fez há 100 ou 200 anos.
fdsfdsNa verdade, em pontos resumidos, este é o "Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3)", regulamentado no Brasil sob o Decreto n° 7037/09 e que traz à tona verdades e necessidades inconfessáveis noutros tempos e para muita gente.
fdsfdsTrágica, mas obviamente -- é elementar, meu caro Watson... --, a grande mídia repercute o referido programa com base exclusivamente nos interesses que defende e, logo, avacalha, xinga, mente e baba em cima das ideias regulamentadas pelo governo federal, o qual, esperemos, não recue nos essenciais pontos e não os deixem apenas no papel.
fdsfdsQue assim seja.
fds

# a direita luta: grito&desespero


Em aprazível conversa no início da noite de hoje com alguns amigos, esses também já percebem -- mesmo sem estarem, sob o espectro sócio-político-econômico, nem cá nem lá (mas cuja postura, como lhes disse, infelizmente os fazem estar do lado de lá...) -- a ardilosa e galopante ofensiva da direita pelo continente.

E fazem uma acertada afirmação: na disputa pela América Latina, o Brasil é o centro nevrálgico, é o pilar, o fiel da balança, o conducteur latino-americano.

O Brasil é um Virgílio.

Se cair, se retroceder e se ir para o lado errado nas próximas eleições, todos os progressistas governos que assumiram os Estados latinos -- devastados pelos séculos de colonialismo, coronelismo e neoliberalismo implementados pelas oligarquias e pelas elites locais -- cairão, como peças de um dominó.

E é assim, e por isso, que em nosso país já há essa visível, concreta e recrudescente articulação da direita: donos da grande mídia, oligopolistas, latifundiários, militares, todos em busca do retrocesso, do status quo ante.

Na firme retaguarda do movimento, a patética classe média, desejosa e invejosa da elite, e preconceituosa e odiosa da gente humilde.

Um terror que, alvoroçada e raivosa, parece ser capaz até de, como faz pela América Latina, empunhar foices e martelos para ir lutar pelo fim dos governos revolucionários, progressistas ou reformistas e pelo fim das políticas públicas includentes e sociabilizantes, sendo aqui o caso nacional mais real.

Por isso, não se espantem. Em breve, pelas ruas, passeatas, discursos e mais passeatas -- patrocinadas pela UDN/Arena/PFL/DEM, pelos tucanos, pelas FIEPs, pela CNA, pela Opus Dei, pela OAB, pela grande mídia e por uma imensa renca de pessoas da classe média -- farão os mais velhos lembrar daqueles negros e recentes anos nos quais via-se pelas avenidas do Brasil a malfada "Marcha da Família", a apoiar o conservador regime ditatorial dos milicos e das elites.

Será um remake da "Tradição, Família e Propriedade"? Cruz-credo.
f
ds

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

# a direita baba: medo&náusea


fdsHá quase um ano estive no Rio de Janeiro, na bela sede do Arquivo Nacional, para uma longa reunião com representantes da Casa Civil do Governo Federal e de outros sete Estados brasileiros, na qual se discutia o decreto federal que instituiria o fim dos arquivos secretos e o fim do sigilo dos documentos negros daquela nossa espúria e conservadora ditadura. Via com olhos bons, mas céticos.
fdsEis que agora, finalmente, com o "Programa Nacional de Direitos Humanos", parece que não só este caso -- para desespero de toda a direita e de todos aqueles que se beneficiaram, que gozaram e que enriqueceram naquele período --, mas tantos outros passarão a vingar os nossos 500 anos de desigualdade e injustiça econômico-social.
fds

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

# sabáticas




fdsNestes quinze dias de férias, a oportunidade para a (quase) derradeira leitura de quatro excelentes livros: "O Mito da Propriedade", de Liam Murphy e Thomas Nagel (publicado no Brasil pela Martins Fontes); "Le fondement de la morale", de Marcel Conche (Ed. PUF); "Democracia e Marxismo: Crítica à Razão Liberal", de Juarez Guimarães (Ed. Xamã); e, por fim, "Para uma Revolução Democrática da Justiça", de Boaventura de Souza Santos (publicado no Brasil pela Editora Cortez).
fdsTodos absolutamente recomendados, inclusive para quem não está del otro lado del rio.

fds
 

# super size me


Após quase trinta dias envolto ininterruptamente em pantagruélicos festejos, etílicas comemorações e boêmios encontros, eis que cá estou redondo e mefítico, sinais mais que evidentes do destempero e do tempero agudo e calórico de tantos ingredientes abusados nas festas de final de ano e de férias.

Hoje, finalmente, ao subir na balança, um suspense tipicamente psicótico tomou-me conta ao ver o abrupto salto do ponteiro passar e voltar os três dígitos, por três vezes, até firmar-se muito pouco abaixo do cem.

Sim, doze doses ou dúzias de rãs a mais e então o desastre seria, na forma de praga, bíblico.

A passar por quase toda a fauna comestível, por todas as invencionices gastronômicas, por tudo que é tipo de alimento mais ou menos industrializado e por tudo que fermenta ou se destila a produzir álcool, fui destemido com os olhos, e o corpo foi imperdoável.

Cru, seco, sem gelo, sem sal, salgado, assado, gelado, mélico ou quente: a lógica catástrofe era certa e, não tardia, chegou.

Menos mal se fosse apenas por fora, percebo que por dentro a coisa parece ainda mais trágica: náuseas, tonturas, amnésias, brotoejas, lapsos respiratórios, chiliques estomacais e greves intestinais, tudo parece mostrar que a feia viola por fora bem se coaduna com o pão bolorento de dentro.

Nunca antes na minha história uma segunda-feira de início de ano mostrou-se tão feia e pesada.

E eis que agora, como se camelo, quero autopactuar que só ingerirei algo em dez dias.

Antes disso, nada.

E como sem o sol para a plena fotossíntese, viverei só de vento.

E sob muita chuva para, inerte, me fazer rolar por aí.

Curitiba será o meu molhado Saara; e eu, não me iludo, um fajuto camelus bactrianus.