domingo, 27 de dezembro de 2009

# e assim caminha a humanidade (xv)


fd Enquanto isso, num agitado almoço de sábado pós-Natal, entre parênteses de uma longa conversa, discutia-se en passant a reviravolta na vida de uma pessoa ali conhecida de todos, a qual acabara de sair da bancarrota pessoal-financeira-empresarial e, dentre outras coisas, convertera-se discípulo de algumas dessas igrejas evangélicas neopentecostais.
fds E assim, após dar breves detalhes da nova vida do dito cujo, o mais experiente interlocutor da roda conclui:
fd - E agora, passada a gravíssima turbulência, parece que uma grande e antiga propriedade que possuía poderá ser finalmente regularizada. Porém, vejam só, ao invés de dar um jeito de vendê-la e ficar com o dinheiro, ele me disse que deixará toda ela como "parte" de pagamento para os tantos credores que ainda tem...
fd - Que bacana! - emendei, achando o gesto sensato, óbvio, legal, ético e natural... hã?!
fd Não!! Eis que, em uníssono, o interlocutor e, principalmente, as outras seis pessoas da roda, com caras, gestos, risos e gargalhadas, inapelavelmente acusam-me de... bem, de...
fds Ora, na verdade, a não-articulação de um raciocínio econômico-jurídico-moral por parte deles -- cujas monossilábicas e onomatopéicas palavras, sem sentido, aliavam-se às suas continuadas caras, gestos, risos e garagalhadas --, se não parecendo dar constrangida razão ao singelo comentário que fiz, buscava acusar-me de alguma coisa do tipo "ah, ele não entende disso...".
fd Ora, na minha lógica ético-jurídica, o devedor ter conseguido uma solução para pagar os seus credores pareceu ser uma atitude, no mínimo, bacana. E moral.
fd Mas para os outros que ali estavam, não.

fds