quinta-feira, 19 de novembro de 2009

# climatério


fdsDefinitivamente, esse clima amarelo-avermelhado, esfumaçante, quente e pulsante, não é civilizado. Não pertence, ao menos, à civilização curitibana da gema.
fdsPessoas a suar, a pingar, a malcheirar, a ferver, a sofrer, a cozer, a torrar, a se desarrumar, a se descabelar, a se defumar. Para quê?
fdsNão somos do Rio, nem somos lagartos, nem tomates verdes para serem fritos.
fdsNão estamos na Bahia e, por isso, diante do que se vê do lado de fora das janelas ou do lado de dentro das quatro paredes, não devemos sorrir (v. aqui).
fdsSomos de uma capital fria, de gente fria, de clima subtropical, sem clima para ter clima quente. Somos blasés demais para o todo contagiante calor que a quase todos despe, abraça, pinta e borda.
fdsPara que esse calor infernal, que tonteia, que turva, que amolece e que nos desfalece e resfolega? Quem é que aproveita esse sol todo? E a que horas? fd
fdsPresos (quase) todos num trabalho que exige a vestida presença 10 horas por dia e numa cama onde se levam mais 6 horas, a descontar tempos em trânsito e em higienes, restam, assim, somente as primeiras horas da aurora -- para apenas os heróis que lá estão em pé -- e as poucas últimas antes do crepúsculo noturno.
fdsE só.
fdsE já cai a noite, na qual (quase) ninguém fica ao léu a curtir as estrelas, mas confiscados em bistrôs, bares, bocas&boates, sendo, logo, irrelevante o tal alto-astral do tempo e do calor externos. Nesses lugares e nessas horas, se os gatos são mesmo pardos, todos eles são também poiquilotérmicos, sem, pois, se importar com tudo que está lá fora.
fdsEnfim, chega desta garrafa térmica que nos ebole; chega deste forno que faz de todos assados em potencial.
fdsChamem os bombeiros, os sorveteiros, os esquimós, as focas e os ursos.
fdsChamem todos para trazer de volta a paz, a bonança e as nossas sinapses.
fdsChamem até os escafandristas se for caso, para que tudo explorem até encontrar as cinzas e perpétuas nuvens que confortam e afagam.
fdsE assim, diferente de Goethe no seu leito de morte, devo dizer: "Grau, mehr grau!".
fdsfdsfds