segunda-feira, 14 de setembro de 2009

# e assim caminha a humanidade (xii)


fdsEnquanto isso, num luxuoso consultório médico situado num luxuoso bairro da capital, uma amada senhora conversa com a pomposa médica:
fds- "Mas e como está o tratamento dessa doença em Cuba? Ouvi falar que ...."
fds- "Não, não!" - interrompe a médica. "Esqueça! Cuba está muito atrasada, parou no tempo... [anacoluto] ... Vim agora de um Congresso na Europa... [anacoluto] ... O sistema de saúde de Cuba já não é lá essas coisas..."
fdsE, depois de dar este vil (e desbalizado) parecer técnico sobre o sistema de saúde cubano, finalmente decide responder à pergunta:
fds- "Ah, e no Brasil já temos tratamentos idênticos para a doença."
fdsOra, ora, sei bem amigo leitor que eu deveria desconsiderar tal opinião, bem como fingir-me de surdo ao ouvir tamanha bobagem. "Pai, perdoa-a, ela não sabe o que fala" (Lc, 23:33-34), devia eu pensar.
fdsAfinal, qual seria o peso (e a autoridade moral e a envergadura ética) que uma mulher que cobra quase R$ 400,00 por consulta teria para falar de um país pobre cujo sistema de saúde, absolutamente gratuito, é exemplo mundial de como tratar do dinheiro público e de como ser humano, demasiado humano?
fdsMas não. Ao saber do diálogo, não pude deixar de observar que "atrasada" (e recalcada) é uma mulher que, cega, acredita no dinheiro privado como a solução da lavoura (e da medicina).
fdsNão pude, ainda, deixar de observar que "parada no tempo" é ela, que ainda crê nos meios de comunicação tradicionais (e golpistas) como senhores da verdade, e não os enxerga como mentirosos a serviço dos donos do poder.
fdsNão pude, enfim, deixar de observar que, na verdade, "não é lá essas coisas" o mundinho que vive, surreal, elitista, encasteslado e do qual levará uma dívida eterna.
fdsAfinal, afora os tantos documentos assinados pelas várias organizações internacionais que tratam da saúde pelo mundo (ONU, OMS, UNICEF...) e que, no geral, muito bem avaliam os dados e o sistema de saúde em Cuba, seria conveniente que assistisse ao recente documentário estadunidense "Sicko - $.O.$. Saúde", para ver que saúde pública ideal não se faz com muito dinheiro ou tecnologia, mas com base em muita eficiência e, principalmente, igualdade e fraternidade.
fds