sábado, 8 de agosto de 2009

# a gripe (ou, a grande praga)


fdPor incrível que pareça, nos últimos dias recebi diversos emails de colegas e amigos do resto do Brasil -- e inclusive de alguns extramuros --, preocupados com o estado de calamidade pública que se alarda para Curitiba, por culpa dessa mais nova praga do Egito. Então reproduzo uma síntese do que há mais de um mês já dizemos neste sideral espaço virtual.- x
fdsO nome científico para o que ocorre é "estado hipocondríaco transitório movido por um estresse psicossocial".
dsMeus caros, a verdade está a um palmo dos nossos olhos: está a se falar demais sobre o "nada", dando ao "nada" status de "fato", a criar mensagens subliminares que (inconscientemente) intentam mostrar a todos a aproximação de um monstruoso enxame de rãs, sarnas e gafanhotos, que dará início ao grande dia do juízo final.
fdsLendo os emails e os jornais que por aí abundam, daí sim começo a temer pela minha vida. Não por causa da gripe, mas porque sou o primogênito.
fdsÉ preciso responsabilidade e cabeça no que se diz, se escreve e se faz. Lavar as mãos com habitualidade, levar a mão à boca quando espirrar ou tossir, evitar excessos, não frequentar lugares públicos se tiver gripe ou febre, evitar expor crianças ao frio e à aglomeração etc., são atitudes óbvias do ponto de vista da higiene e da saúde humana. Essa gripe, se não cuidada ou desprezada, vai matar como mata a outra, mas muito menos, por ser bem menos grave.
fdsDevemos evitar a propagação desse bestial pânico e dessa estupidez amorfa e repelir a concretização das inúteis medidas em voga, como fechar escolas, vestir-se gratuitamente de michael jackson ou habitar em câmaras frias ou em grutas, como ermitões.
fdsEnfim, o surto, o pânico e o medo são consequências do alarde oportunista da grande mídia e de alguns (ou vários?) profissionais da saúde despreparados ou, e especialmente, que lucram com isso e com todos os gastos dispendidos pelo Estado ou mesmo pelos cidadãos.
fdsLonge de se adonar da verdade, quero apenas evitar que muitos continuem a propalar a ignorância e a irracionalidade, pois isso sim pega e contagia.
fdsNão sou cientista médico, mas cientista social, por isso busco amparo nos mais diversos homens da saúde pública e, não a toa, o que tantos renomados especialistas, desprezados pela grande mídia -- como a Diretora do Hospital das Clínicas de SP (mestre em epidemologia) e o Diretor da Faculdade de Medicina da USP (doutor em infectologia), ambos aqui e aqui citados --, afirmam é que a fome, o frio, a esquistossomose e a malária matam (e matarão) centenas de milhares de vezes mais do que o "monstro" da nova gripe, o (pseudo)anúncio do apocalipse.
fdsMas acontece que essa não mata só a turma do morro, dos grotões, das favelas, a trazer muito mais ibope e lucros via a contenção por paralisia sócio-mental da população.fds