quarta-feira, 8 de julho de 2009

# um "cagüeta" de carteirinha vestido de canarinho


Assisti ao filme "Ninguém Sabe o Duro que Dei", que retrata a vida do cantor Wilson Simonal, um cantor-dançarino que foi ícone da juventude brasileira dos anos 60-70.
 
Além de ter se tornado famoso pelo que cantava (?) e dançava (???), recebeu a alcunha de notório dedo-duro, de ser -- e, dizem, de se vangloriar como -- o grande delator do universo cultural-intelectual do Brasil que, nos anos de chumbo, opunha-se à ditadura militar. Enfim, uma espécie de candinha-mor dos milicos e de toda a direita de plantão.

Dúvidas pra lá, defesas e argumentações pra cá, saí com a certeza: o cara foi sim um traíra e uma baita "alcagüeta", como gosta o vernáculo.
 
E tenho tal convicção com base num único fato: não foi só pela simpatia e pela amizade que Simonal nutria com os craques da Seleção Brasileira de 70 -- entre eles Pelé -- que o fizeram ter estado lado-a-lado e juntinho de toda a delegação brasileira na Copa do México, bem distante dos outros noventa milhões em ação que sofriam aqui no país. Teria que ter havido algo mais.... bingo!

Em troca de dedurar uma penca de artistas, escritores e intelectuais da esquerda, comunistas ou não -- e, ipso facto, contrários ao regime da "tradição, família e propriedade" que perdurava nestes tristes trópicos --, ele teria cadeira cativa na delegação brasileira que iria ao México disputar a Copa do Mundo.

Dito e feito.

Já que o General Emilio Médici e sua bizarra trupe em tudo mandava, inclusive na CBD (hoje CBF) -- quando então mandou demitir o técnico João Saldanha, notório vermelho, e convocar o folclórico centrovante Dadá Maravilha --, não lhe custaria nada exigir a presença do alegre fofoqueiro.

E, cantando e dançando para todo o grupo, lá foi Wilson Simonal como o mais divertido "aspone" da delegação do Brasil, que muito intimamente -- e em troca de muitas cabeças -- conseguiu acompanhar o melhor time de futebol de todos os tempos.