segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

# monsanto: mon dieu!

fds Inicio a leitura da obra "O Mundo Segundo a Monsanto" ("Le Monde Selon Monsanto"), escrita pela jornalista francesa Marie-Monique Robin e fruto de três anos de investigações.
fds Nas preliminares, já se percebe o horror que cerca a existência e as vontades desta mafiosa gigante das coisas geneticamente modificadas, a qual, estupidamente -- mas obviamente... --, alegra tanto os homens do nosso agrobusiness exportador.
fds Por que é uma barbaridade a hipnose da maioria dos agroindustriais nacionais diante dessas sementes do capeta? Dois argumentos simples são bastantes: um sob o plano da própria sede individualista, capitalista e acumuladora do latifundiário, o outro sob a ótica da universal saúde humana e do meio ambiente:
fds 1. Os argumentos de quem defende os transgênicos como solução para a crise alimentar que vivemos vêm caindo por terra dia após dia. Os transgênicos já se mostraram pouco competitivos economicamente e recentes estudos promovidos por universidades americanas comprovaram que variedades transgênicas são até 15% menos produtivas do que as convencionais (v. aqui). Confrontadas com os resultados das pesquisas, empresas de biotecnologia admitiram que seus transgênicos não foram criados para serem mais produtivos, mas sim para serem resistentes aos agrotóxicos fabricados por essas mesmas empresas. Num primeiro momento, os transgênicos podem até ser mais produtivos do que os cultivos convencionais ou orgânicos/ecológicos, mas no médio e longo prazos, o que se tem verificado é uma redução na produção e um aumento significativo nos preços dos insumos como o glifosato, principal herbicida usado em plantações transgênicas. Ora, a Monsanto é hoje a maior produtora de sementes do mundo, convencionais e transgênicas. Além disso, é também uma das maiores fabricantes de herbicidas do planeta, com destaque para o Roundup, muito usado em plantações de soja geneticamente modificada no sul do Brasil. Com essa venda casada -- semente transgênica mais o herbicida ao qual a planta é resistente --, os agricultores ficam presos num ciclo vicioso, totalmente dependentes do oligopólio -- fruto da draconiana propriedade diabólico-intelectual exercida pelas empresas sobre os monstros da transgenia -- e das políticas de preços adotadas por elas. Ademais, por fim:
fds 2. Não há estudos científicos que comprovem a segurança dos transgênicos para a saúde humana. Apesar de exigidos por governos de todo o mundo, as empresas de biotecnologia nunca conseguiram apresentar relatórios nesse sentido -- e, diante do fortíssimo lobby da Monsanto, Syngente e Bayer junto aos governos nacionais, ainda assim seus produtos são aprovados. Por outro lado, são múltiplas as pesquisas e os estudos científicos que apontam para os perigos dessas coisas: "algodão transgênico experimental contamina sistema alimentar nos EUA", "efeitos alergênico do arroz transgênico", "relação entre alimento transgênico e infertilidade", "insulina transgênica gera distúrbios mentais" etc (v. aqui). Outrossim, a contaminação genética há de ter um efeito devastador na biodiversidade do planeta. Ao liberar organismos geneticamente modificados na natureza, colocamos em risco variedades nativas de sementes que vêm sendo cultivadas há milênios pela humanidade.

em tempo: A Monsanto, hoje aquela coisa que monopoliza 90% da comercialização daquelas coisas transgênicas, há não muito tempo atrás foi a grande fabricante do PCB (piraleno), o agente laranja usado como herbicida na guerra do Vietnã, e dos hormônios de aumento da produção de leite proibidos na Europa.