sexta-feira, 8 de julho de 2005

# caminhando nas nuvens, com os pés na estrada

Seria sonho, se não fosse real. Seria mágico, se não fosse crível.
Seria mentira, se não fosse verdade. Seria um futuro, se não fosse o presente.
A nos separar, 720 quilômetros completados; a me acompanhar, 3 amigos e mais de 15.000 missionários para assistir, torcer, xingar e aplaudir os primeiros 95 minutos da vida de um clube de 1.924, ora reservados nos pés (e mãos) de 11, 12 ou 13 pessoas.
Seriam apenas números, se não representassem a maior emoção de todo e qualquer grande adepto do futebol em um momento qualquer parecido.
No período de voluntário exílio na Europa, acompanhei, in loco e solitariamente, o êxtase do povo local ao seguir a trajetória (de sucesso final) do Futebol Clube do Porto ao título europeu; hoje, acompanho, in loco e bem acompanhado, o êxtase do meu povo ao seguir a trajetória do Clube Atlético Paranaense à última etapa do título americano. Inigualáveis situações, incomparáveis momentos.
O que presenciei naquelas cinco horas dentro e aos arredores do Gigante da Beira-Rio seria inimaginável, se não milimetricamente descritível na minha mente, ainda que certamente difícil de externar. É raro o coração e a alma falarem com tanta precisão.
O resultado final ainda deixa tudo em aberto para a seqüência final, embora, certamente, feche definitivamente as feridas daqueles nossos tempos de ostracismo, de descaso e de invisibilidade no cenário mundanal do futebol.
Pena, apenas, fechar a viagem com um sentimento triste de que muitas coisas não são compreendidas, a detonar feridas que ficam indeterminadamente abertas e sem respostas.